sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Vivemos em uma sociedade que espera que adolescentes se portem como mulheres adultas e que mulheres adultas conservem a aparência de adolescentes. A consequência é que lidamos muito mal com o envelhecimento. O nosso e os dos demais.
Pensamos no envelhecimento parte da vida, mas como mera questão de aparência. Quando dizemos que alguém não aparenta a idade que tem estamos falando de rugas e quilos e não de maturidade, saúde, experiências vividas. Quando transcendemos a aparência, o assunto vira uma lista de tarefas que disseram que teríamos que cumprir, como casar, ter filhos.
Agimos como se as possibilidades da vida fossem acabar aos 30 anos, como se tudo tivesse que estar definido nesta idade. Não é difícil compreender porque pessoas mais jovens são tão ansiosas quanto à passagem do tempo e porque pessoas de trinta e poucos estão frustradas e deprimidas por não terem riscado todos os itens da lista de requisitos de como ser um adulto funcional padrão.
Esquecemos é que a vida pode terminar a qualquer momento. Toda vez que nos despedimos de uma pessoa querida pode ser a última vez que a vemos e pode ser a última vez que ela nos vê. Esquecemos também que a vida pode ser longa e que podemos ser para quem chega, a memória dos dias e daqueles que foram.
Hoje faz dois meses que eu perdi um amigo muito querido. Desde que ele se foi eu tenho tentado viver tendo o envelhecimento no horizonte, mas a fragilidade da vida levada no bolso. O passado me serve de memória afetiva e para aprender com meus erros. Mas é daqui pra frente. Sempre